quinta-feira, 26 de maio de 2011

DILMA TROCA O MOVEMENTO GAY POR PALOCCI

Por Marcos Freitas

Por mais que eu me esforce, não consigo entender a indignação que alguns Petistas esboçaram durante o dia. O setorial LGBT do PT deveria entender muito bem as motivações de Dilma Rousseff, pois ela é uma invenção de mal gosto daqueles que querem o poder a qualquer custo e para o movimento gay o preço é a invisibilidade social.

No auge da sua campanha para presidência, Dilma Rousseff assinou documento com líderes evangélicos onde se comprometia não levar adiante nenhuma iniciativa que afr0ntasse os “valores” da tradicional e fundamentalista família brasileira. A presidente está coerente com suas promessas e está honrando os seus compromissos ao ser contrária ao material de vídeo do programa “Escola sem Homofobia”, que vulgarmente apelidado por “Kit Gay” pelo Deputado homofobico Jair Bolsonaro.

Semana passada, participei da Marcha Contra a Homofobia em Brasília. O Planalto Central ficou completamente vermelho, com militantes adorando com veemência a imagem da Dilma, Lula, Marta e outros beatificados petistas. Marta, que também cedeu a pressões de grupos fundamentalistas e alterou o texto do PLC 122, foi recebida com euforia, a mesma Marta que anos atrás ridicularizou o movimento gay quando tentou expor a vida pessoal do seu oponente a prefeitura de São Paulo, a mesma Marta que quando prefeita pediu para a Guarda Civil Metropolitana expulsar gays da prefeitura, na ocasião que cobrava algumas de suas promessas de campanha.

Assim como o seu rosto, Marta tem uma atuação sem expressão no Senado Federal, está usando o PLC 122 como puleiro para a sua vida política e infelizmente está comprometendo o andamento do mesmo. O PT e seus aliados não tem compromisso com nada e ninguém, o único compromisso do PT é com a manutenção do poder e esse compromisso é defendido a qualquer custo, nem que para isso eles tenham que sujar as mãos de vermelho, o vermelho do sangue dos gays que dia após dia tem suas vidas ceifadas no país mais homofóbico do Mundo.

Num surto de insanidade, um membro do Setorial LGBT do PT disse que está na hora de cobrarmos do Governo Estadual de São Paulo o uso do material do “Kit anti-homofobia” que a Dilma dejetou. Pera lá! Não vamos confundir focinho de porco, com tomada, vivemos numa república federativa, onde os membros da federação são submetidos ao poder central e as escolas dessa federação são submetidas ao Ministério da Educação, braço da presidência e que pelo que vimos hoje, trabalha para o beneficio da manutenção do poder dessa presidência.

Votamos na Dilma e agora temos que engolir o Palocci, mas isso não é surpresa para ninguém, Dilma estava tão segura de si, que antes mesmo de ganhar as eleições, assombrou o Brasil com a possível volta de Palocci e Zé Dirceu. Agora fico confuso com a indignação do povo… Não era esse o projeto dela? Ela está cumprindo o que prometeu. Fomos trocados por Palocci e o governo que diz ser guardião dos direitos humanos, compactua com a homofobia desse país.

Tenho profunda tristeza de morar num país onde os direitos humanos são trocados por um visto de permanência de um Ministro corrupto, ministro que no Governo anterior já havia se comprometido com a corrupção que corre nas veias desses mais de 8 anos de governo petista. Por outro lado, tenho a sorte de morar em São Paulo, estado precursor dos Direitos LGBTs do Brasil, onde as políticas públicas ao cidadão LGBT são pautadas com respeito. Veja algumas delas:
  • André Franco Montoro, em sua gestão no Governo do Estado de São Paulo (1983-1986), foi o primeiro homem público brasileiro a instituir, de maneira sistemática, ações de combate à perseguição aos homossexuais, travestis e transexuais, bem como a seus locais de freqüência, praticas comuns na época da ditadura militar.

  • Geraldo Alckmin, em 2001, no Governo do Estado de São Paulo, sancionou a Lei 10.948, que proíbe e pune a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero. Em 2006, alçou o então GRADI – Grupo de Repressão a Delitos de Intolerância a DECRADI – Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, que atua no mapeamento, controle e repressão dos grupos homofôbicos.

  • No município de São Paulo, José Serra, homem de visão, instituiu o primeiro órgão de administração pública brasileira voltado à diversidade sexual. Em seu segundo mês de governo frente à prefeitura de São Paulo, em 2005, criou a Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual.

  • Ainda em 2005, Serra decretou a criação do Conselho Municipal em Atenção à Diversidade Sexual, espaço de interlocução entre o poder público e a sociedade civil, bem como o Centro de Referência e Combate à Homofobia.

  • Como governador, Serra criou a Coordenação de Políticas Públicas para a Diversidade Sexual, no âmbito da Secretaria de Justiça e Defesa da Cidadania; instituiu o Comitê Intersecretarial de Defesa da Diversidade Sexual e o Conselho Estadual de Defesa da Diversidade Sexual e realizou a I Conferencia Estadual LGBT de São Paulo.

  • Em relação às garantias legais para a população LGBT, Serra regulamentou a Lei 10.948, e publicou decreto acerta do uso do nome social na administração pública. Para travestis e transexuais, Serra criou o Ambulatória de Saúde Integral.

  • Em 2007, Serra foi revolucionário ao reformular o Sistema Previdenciário do Estado de São Paulo, instituindo o direito à pensão ao(à) parceiro(a) e fundou o Núcleo de Combate à Discriminação, Racismo e Preconceito, no âmbito de Defensoria Pública do Estado de São Paulo.
Fonte: http://diversidadetucana.blogspot.com/2011/05/dilma-troca-o-movimento-gay-por-palocci.html

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